O vice-governador do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles (PP), assumirá o governo do estado após a prisão do governador Luiz Fernando Pezão (MDB).
Pezão foi preso preventivamente --sem prazo para soltura-- nesta quinta-feira (29) pela Polícia Federal no âmbito da operação ?Boco de Lobo?. Ele é o quarto governador do Rio de Janeiro preso.
Em nota, Dornelles disse que o governo "manterá todas as ações previstas no Regime de Recuperação Fiscal e dará prosseguimento aos trabalhos de transição de governo"."Reiterando o seu maior interesse na manutenção do bom relacionamento com os demais Poderes do Estado", traz a nota.
Interino no comando do estado, Dornelles, 83, foi ministro dos governos José Sarney e Fernando Henrique Cardoso. Ele também é sobrinho do ex-presidente Tancredo Neves e primo em segundo grau do senador e deputado federal eleito Aécio Neves (PSDB-MG).
Organização criminosa
De acordo com a PGR (Procuradoria-Geral da República), que pediu a prisão de Pezão, "o governador integra o núcleo político de uma organização criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes contra a administração pública, com destaque para a corrupção e lavagem de dinheiro".
Pezão teria recebido mais de R$ 25 milhões entre 2007 e 2015, segundo a PGR. O valor --que, corrigido pela inflação, passa de R$ 39 milhões-- seria incompatível com o patrimônio declarado pelo governador à Receita. A PGR pediu o sequestro de R$ 39 milhões de bens de Pezão.
Para a PGR, solto, "Pezão poderia dificultar ainda mais a recuperação dos valores, além de dissipar o patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa"
Ao solicitar a prisão do governador, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, mencionou que Pezão foi secretário de Obras e vice-governador de Sérgio Cabral (MDB) entre 2007 e 2014, "período em que já foram comprovadas práticas criminosas". Cabral está preso desde 2016.
Dodge, porém, aponta que haveria uma nova descoberta: Pezão teria operado um "esquema de corrupção próprio, com seus próprios operadores financeiros?.
Além de suceder Cabral na liderança do esquema criminoso, "Pezão deu suporte político aos demais membros da organização que estão abaixo dele na estrutura do poder público e, para tanto, recebeu valores vultosos, desviados dos cofres públicos e que foram objeto de posterior lavagem?, disse Dodge no pedido ao STJ.
Agência Brasil