A 'pegadinha' da Alerj para soltar os deputados da Furna da Onça

     Foto: Guito Moreto / Agência

Parlamentares encontraram uma saída para tentar soltar os cinco colegas presos na Operação Furna da Onça, da Lava Jato. Para conseguir os 36 votos necessários e libertá-los, o grupo que articula nos bastidores se baseará em dois artigos da Constituição Federal (o 27 e o 53) que dizem: as prisões só poderão ser realizadas em flagrante por crime inafiançável, o que não é o caso dos deputados. Na reunião da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da próxima segunda-feira, será apresentado um projeto de resolução unindo os dois trechos da legislação brasileira, ou seja, para soltar todos, mas mantê-los afastados dos mandatos.

ELEITORES SABERÃO COMO CADA UM VOTOU

A votação, prevista para terçafeira, será aberta. O eleitor saberá quem quis manter os deputados presos ou os que preferiram soltá- -los. A decisão será tomada depois que a ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, transferiu a responsabilidade para a Alerj. Estão em Bangu 8: André Corrêa (DEM), Luiz Martins (PDT) e Marcus Vinícius, o Neskau (PTB). Em domiciliar: Chiquinho da Mangueira (PSC) e Marcos Abrahão (Avante). Eles são acusados de receber propina em troca de votos para projetos do governo Sérgio Cabral (MDB).

PEDIU LICENÇA PARA EVITAR DESGASTE

Mas... apesar da tentativa da manobra pela soltura dos deputados alvos da Furna da Onça, tem gente que preferiu, veja só, não se envolver na polêmica para evitar o desgaste político com o eleitorado. Rodrigo Amorim (PSL) é um deles. O parlamentar pediu licença do cargo na próxima semana “em virtude de viagem à Brasília, representando o meu mandato”, diz ele no trecho do Diário Oficial publicado ontem como justificativa. Amorim é pré-candidato do PSL à Prefeitura do Rio, em 2020.

COMO NOS VELHOS TEMPOS DE CABRAL

Quem se encontrou ontem no tradicional bar Velho Adonis, em São Cristóvão foram o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), pré-candidato à sucessão de Crivella, e o ex-senador Lindbergh Farias (PT), que deve tentar uma vaga à Câmara do Rio. Os dois posaram para uma foto com um militante. A imagem repercutiu mal entre os petistas, que apoiarão o deputado Marcelo Freixo (PSOL) à prefeitura. Nos tempos áureos de Cabral, Lindbergh e Paes já caminharam juntos.

DEFENDE, MAS NÃO SABE SE VOTA

Embora defenda a soltura dos deputados presos, Samuel Malafaia (DEM) diz não saber se votará contra ou a favor da liberdade dos parlamentares da Furna da Onça. “O caso é complexo e precisa ser analisado com cuidado”, ressaltou.

Publicado originalmente pelo jornal O Dia
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