No dia da transferência do pai para Curitiba, Marco Antonio fazia pré-campanha no interior do Rio
RIO — Enquanto Sérgio Cabral era transferido para Curitiba, o filho Marco Antônio Cabral (PMDB) passou a quinta-feira no interior do Rio de Janeiro em encontros políticos de olho na sua candidatura à reeleição para a Câmara dos Deputados. O parlamentar confirmou que colocará seu nome à prova das urnas mesmo com a enxurrada de denúncias envolvendo o pai. Ele, no entanto, segue a linha de que o único erro de Cabral foi o uso de recursos de caixa dois, refutando as acusações de corrupção feitas pelo Ministério Público Federal:
— Serei sim candidato, sei que irei enfrentar preconceitos e prejulgamentos. Aprendi com os acertos e o erro do meu pai. Não cabe a mim fazer mea-culpa pois nunca fiz caixa dois. Peço que me julguem pelo meu trabalho — afirmou, em meio a agendas com prefeitos e vereadores em São José de Ubá, Aperibé, Santo Antônio de Pádua e Campos.
Marco Antônio também rejeita a denúncia de que há benesses no presídio de Benfica, argumento usado pelos procuradores para a saída de Cabral do Rio.
— Não há regalias. O presídio é monitorado por 60 câmeras 24 horas por dia. Não tem comida que é proibida. Os alimentos são levados pelas famílias, e as sobras podem ficar com os presos. Não existe também uma academia, há na verdade alguns pesos que são utilizados pelos presos. Inclusive, acho um absurdo as cadeias não contarem com academias básicas. O direito à saúde do preso é garantido por lei. As pessoas não imaginam a dura realidade de um presídio, de ver quem você ama privado de sua liberdade.
Marco Antônio reclama que o juiz Sergio Moro deu prazo de cinco dias para a defesa do pai se manifestar, mas em menos de um dia a transferência foi efetuada.
— Se isso não é uma ditadura, não sei mais o que é. Não é uma questão apenas de tirá-lo de perto da família, de seus filhos, em especial os menores. Essa medida vai inviabilizar a defesa dele por completo, além de gerar um custo ao Erário muito grande. Essa decisão judicial não tem o menor sentido. Meu pai não oferece risco à sociedade e nunca cometeu nenhum crime no Paraná.
O Globo