A "federação completa" da gestão da segurança pública seria também uma forma de "reparação". O pré-candidato não explicou, porém, de que maneira negociaria com o Congresso e com o futuro presidente da República a respeito da "federalização completa".
"Tem que colocar na Constituição que o Rio de Janeiro precisa ser reparado por isso. Essa é uma guerra ganha", declarou ele. "O Rio de Janeiro tem que ser considerado área de proteção federal."
Garotinho explicou que, de acordo com a proposta, o governo federal assumiria tanto a parte de custeio quanto o planejamento operacional da segurança pública. Para isso, ele defendeu que seja criado um fundo federal.
Disse ainda que as Forças Armadas deveriam continuar a ser usadas na segurança pública do Rio, mas não da forma como está ocorrendo no momento.
"O Exército tem um papel fundamental no Rio, mas não está fazendo. Como você entra em uma intervenção sem ter o planejamento? Só agora, depois de vários meses, eles estão apresentando um plano", criticou.
Questionado sobre o papel que o estado teria na segurança pública, o concorrente do PRP respondeu que caberia ao Executivo fluminense formular e gerir políticas de prevenção e de assistência social.
"Na segurança pública, enquanto insistem em resolver só com bala e com polícia, isso é um equívoco. Tem que ter prevenção."
Questionado sobre índices altos de criminalidade em seu governo em comparação a outras gestões, Garotinho questionou a precisão de estatísticas de governos posteriores ao seu. 
Se eleito, Garotinho também disse que tentará transferir para a União o custeio das despesas da Justiça e do Ministério Público estaduais.

Crivella e MDB

O pré-candidato, que foi um dos apoiadores de Marcelo Crivella (PRB) na campanha vitoriosa para a Prefeitura do Rio, em 2016, disse que não se sente traído pelo atual prefeito. O partido de Crivella deve apoiar um dos adversários de Garotinho neste ano, o concorrente do PSD, Indio da Costa.
O entrevistado declarou, por outro lado, que "lamenta" algumas escolhas do prefeito do Rio, sobretudo pelo que ele entende ser uma aliança com o MDB. "Aquelas mãos do MDB vão se entranhando, entrando e tomando conta. (...) Lamento que ele tenha permitido que o seu governo esteja nas entranhas sendo dominado pela máquina do MDB."
Garotinho também criticou o ex-aliado por não ter "explicitado de maneira bem objetiva para a população a bomba que ele recebeu" do antecessor, Eduardo Paes (hoje no DEM). "Endividamento e obras inacabadas", exemplificou.
Questionado sobre a eleição para o governo, contudo, Garotinho disse que aceitaria o apoio de Crivella, embora não tenha intenção de subir no palanque com ele. "Se ele quiser me apoiar, eu aceito."

Recuperação fiscal

Na visão do entrevistado, o acordo de recuperação fiscal feito pelo atual governo com a União não seria benéfico para o Rio de Janeiro, afundado em grave crise financeira desde 2015 e que, no ano passado, atrasou o pagamento dos salários dos servidores.
Para Garotinho, o acordo estabelece condições supostamente equivocadas em relação à suspensão --por três anos, prorrogável por mais três-- do pagamento de dívidas do RJ com o governo federal.
O pré-candidato sustenta que, em vez de incorporar o valor renunciado ao montante da dívida no fim do período, o estado terá que pagar "uma parcela para frente e uma parcela para trás", refinanciando o restante de acordo com a tabela price -- sistema de amortização geralmente utilizado em empréstimos e financiamentos.
"Chamar aquilo de acordo de recuperação é ofender a inteligência de qualquer cidadão que conhece medianamente a economia", declarou.
Garotinho também sugeriu a suspensão por 90 dias de todos os benefícios fiscais dados pelo estado durante a gestão de Sérgio Cabral (MDB) e de seu sucessor, o atual governador Luiz Fernando Pezão (MDB). A ideia seria realizar uma auditoria, já que grande volume de incentivos serviu, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato, como moeda de troca para atos de corrupção.
"De cara, vamos tomar uma medida de suspender todos os benefícios fiscais por 90 dias. Vamos sentar com a associação comercial e industrial e com os sindicatos dos trabalhadores para ver o que, de fato, gera emprego e renda", explicou.
"Qual é o motivo para dar incentivo fiscais para a Amsterdam Sauer e a H.Stern?", questionou ele, em referência a grandes joalherias que teriam recebido incentivos fiscais durante os governos do MDB.

Sabatinas

Garotinho foi o quarto sabatinado entre os pleiteantes à chefia do Executivo fluminense. Na semana passada, os pré-candidatos Rubem César Fernandes (PPS), Wilson Witzel (PSC) e Indio da Costa (PSD) participaram do evento.
A agenda de entrevistas com pré-candidatos continua nesta semana. Na terça (12), o entrevistado será Tarcísio Motta (PSOL); na quarta (13), Leonardo Giordano (PCdoB); na quinta (14), será a vez do pré-candidato do PT --ainda não está definido se será Celso Amorim ou a Marcia Tiburi-- e, na sexta, Pedro Fernandes (PDT). Romário (Podemos) disse que só daria entrevistas quando fosse oficializada sua candidatura. Eduardo Paes (DEM) até o momento nega intenção de se candidatar e não aceitou o convite.



Fonte:UOL